sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ferramentas para trazer a Misericórdia

Há algumas ferramentas muito interessantes para se trazer a Misericórdia para a fisicalidade.

Já discorri sobre como os rituais são importantes para que possamos ultrapassar (ou melhor, pular) a barreira do ego e permitir que nos conectemos com nossa alma.

A primeira - e mais importante conexão do cabalista - é o Cabalat Shabat. Descrevo a maneira mais simples de fazê-lo:

Itens fundamentais:
2 velas brancas
Salmo 92

Itens avançados:
1 tacinha de vinho kosher (86ml, no mínimo)
1 chalah (pão trançado) pequena ou grande
1 pratinho ou pires com um pouquinho de sal


Na sexta-feira, final da tarde:

Coloque as velas de preferência na mesa onde se fazem as refeições;
Coloque a chalá e a tacinha de vinho na mesa também.

1) Observe o horário de acendimento das velas e procure acendê-las até 45 minutos depois do horário marcado. Se vc não puder observar o horário, acenda-as assim que o Sol começar a ser por.

Acenda a vela da direita primeiro, depois a da esquerda.

2) Quando escurecer, em frente às velas, cubra os olhos com a mão direita e recite a benção:

Baruch Atah Adonai, Eloheinu Melech HaOlam, Asher Kideshanu Bemitzvotav Vetzivanu Lehadlic Ner Shel Shabat Codesh.


Recite o Salmo 92.

3) Descubra os olhos e observe as velas um pouco. Envie a energia de misericórdia do Shabat para todos os cantos do mundo e do universo.

4) Pegue a tacinha de vinho com a mão direita e recite as seguintes bençãos:

Yom hashishi, vaychulu; hashamáyim vehaárets vechol tsevaam. Vaychal E-lo-him, bayom hashe-vií, melachtô asher assá, vayishbot bayom hashe-vií micol melachtô asher assá. Vayvárech E-lo-him et yom hashevií, vaycadêsh otô, ki vo shavat micol melachtô, asher bará E-lo-him laassot.

Savri maranan: Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam borê peri ha-gáfen.

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, verátsa-bánu, ve’Sha-bat codshô beahavá uvratson hinchilánu, zicaron lemaassê vereshit; techilá lemicraê c ôdesh, zêcher litsiat Mitsráyim. Ki vánu vachárta, veotánu ki-dáshta micol haamim, ve’Shabat codshechá, be-ahavá uvratson hinchaltánu. Baruch Atá A-do-nai, mecadesh ha’Shabat.


Beba o vinho.

5) Coloque a mão direita sobre a chalah e recite a benção:

Baruch Atah Adonai, Eloheinu Melech HaOlam, HaMotsi Lechem Min HaArets

Corte um pedaço com a mão, encoste no sal e coma.


O mais importante é acender as velas de Shabat e fazer a benção. Sempre faça o Shabat. Não é necessário que toda a humanidade faça o Shabat, pois quem faz, pode fazê-lo pelos outros.

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Depois, gosto de citar o Tzedakah.

Sempre doe dinheiro e bens. Faça isso sistematicamente. Todos os dias.

Uma forma prática de fazê-lo diariamente é ter um cofrinho na entrada da casa, ou dentro do seu quarto.

Todos os dias, ao sair ou ao voltar para casa, pegue uma moeda de qualquer valor com a mão direita, leve-a ao peito e diga:

Avraham, Itzhak, Yacov

Deposite a moeda dentro do cofrinho.

No final do mês, pegue as moedas acumuladas no cofrinho para alguma instituição, igreja ou para alguém que esteja precisando. Se alguém lhe pedir esmola na rua quando vc está com o tzedaká dentro da bolsa, entregue-o imediatamente a esta pessoa.

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Também gosto de ensinar O Grande Remédio para todos. É uma combinação de 10 salmos que retificam as 10 Sefirot, revelada por Nachaman de Breslov:

1) Peça aquilo que faz falta para sua alma;

2) Peça perdão pelas suas transgressões, conscientes e inconscientes. Lembre-se de cada uma delas e arrependa-se legitimamente.

3) Agradeça, do fundo do coração, por todas as bençãos que vc recebeu. As que vc teve conhecimento e as que lhe são ocultas.

Recite os seguintes salmos sem interrupção:

16, 32, 41, 42, 59, 77, 90, 105, 137 e 150

3 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Posso não ser muito ritualista, mas acho importante fazer uma prática de um modo intenso e sincero. O Teshuvá é algo que devemos fazer sempre e aí o método de Nachaman de Breslov realmente se encaixa, visto que os três itens resumem o retorno ao caminho certo, reunindo o arrependimento das faltas com o reconhecimento de nossa ingratidão para com o Eterno onde iniciamos o exercício de identificar as coisas boas proporcionadas pela vida. E aí vem o pedido para a alma em que minha visão holística da vida não costuma mais compartimentar a realidade, de modo que já não faço tantas distinções rígidas entre o natural e o sobrenatural, o sagrado e o secular, ou o público e o particular, vendo a realidade como uma unidade onde comida, bebida e sexo integram-se com o cosmos. Ai, se dispormos de tempo, certamente vale a pena complementar o memento especial com a recitação dos dez salmos. Mesmo que no português. Abraços.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Em tempo! Sobre a prática de doações também é algo que tenho há tempos refletido. Principalmente no que diz respeito às esmolas. Isto porque já me senti muito angustiado quando pessoas me pedem cosias na rua e sei que há casos de gente mal intencionada e que faz da mendicância uma profissão.

A Torá nos ensina que devemos nos conduzir convenientemente com o pobre. E aí penso que a melhor maneira de ajudarmos a combater a pobreza seria participarmos de projetos sociais.

Posso dividir as doações basicamente em três situações: (i) colaborar com um projeto; (ii) ter uma soma de dinheiro guardado para ajudar pessoas em situações emergenciais (uso do Tzedakah ou de uma cadernetinha de poupança); (iii) contribuir com o grupo com o qual me reúno para a manutenção do espaço e outras despesas necessárias.

Além destas coisas, a generosidade pode vir a contemplar ajuda a projetos ambientais, de defesa dos animais abandonados ou de promoção cultural, mas sem jamais esquecermos do nosso semelhante.

Tão gratificante quanto doar é também nos envolvermos com os trabalhos sociais. Faz muito bem pra alma!

Abraços.

Ariel Shem Tov disse...

Rodrigão, esse é o espírito da coisa mesmo, vc sacou tudo: o grande remédio do Grande Remédio são essas 3 partes iniciais: aceitar a falta (criar o receptor do desejo), assumir as suas transgressões e se arrepender (só vale o arrependimento que planeja a correção) e agradecer por tudo (até por aquilo que nem sabemos que é uma benção). Os salmos são "carriers", canais para iluminar a sua Árvore da Vida e fechar o exercício anterior.

Outra observação, sobre o tzedaká, é que ele não precisa ser doação de dinheiro. Ele pode ser doação de amor, carinho, atenção, tempo, reconhecimento, enfim, doação em geral. Normalmente, dinheiro gera uma resistência nas pessoas. Elas não querem doar dinheiro, elas querem saber o que vai ser feito desse dinheiro, querem controlar ou querem que aquilo volte para elas de alguma forma. Por isso a insistência na doação de dinheiro.