terça-feira, 8 de maio de 2018

O Bem porque sim.

No dia 06/05/2018, o cabalista Yair Alon fez um comentário extremamente interessante sobre o porquê de coisas ruins acontecerem a boas pessoas. Desse comentário me vieram vários conceitos que eu já havia estudado dentro da Tradição.

Emanar o bem, fazer o bem, ser correto, esperando com isso prêmios do Universo, é uma atitude extremamente involuída. Será possível barganhar com o Universo assim? Se as  coisas funcionassem dessa maneira, em primeiro lugar, haveria aqueles que merecem o Bem e os que não o merecem. Qualquer pessoa minimamente sensível sabe que, para a Origem do Todo, somos igualmente amados. Seria injusto que a vida nos classificasse assim.

Porém, ao emanar o bem, especialmente sem interesses próprios (de reconhecimento, de vaidade, de receber algo em troca), quase sempre geraremos ondas positivas que acabarão nos atingindo novamente em algum dia.  No entanto,  isto não é 100% previsivel.

Se fosse infalível agir bem para receber o bem, a vida seria absolutamente controlável e coisas ruins, desafios evolutivos, só atingiriam a quem emana o mal. Tampouco é assim que vemos o Universo atuar.

Portanto, optar pelo bem é apenas uma escolha pessoal, numa tentativa constante de nos aproximarmos do Criador. Fazer o bem sem olhar a quem e sem interesses egóicos é um caminho quase sempre melhor, mas nem sempre infalível. E aí está o desafio: sermos bons, mesmo que o mundo não seja um espelho.

Certa vez, um amigo ateu me iluminou enormemente ao dizer: "tanto faz sermos bons ou maus no mundo. A vida trata a todos por igual. Mas é tão mais legal ser bacana, fazer coisas boas..."

E, em suma, é uma questão de prazer ser bondoso ou maldoso. No final das contas, tudo na vida é uma busca por prazer.


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Política e Cabala

Muito procura-se dissociar a política da espiritualidade. Mas a verdade é que, se fazemos tudo com presença - como nos é pedido em todos os caminhos espirituais -, até a interação de poder (a política) também deveria ter espiritualidade nela.

O que sempre houve, é a religião (que não é espiritualidade), de braços dados com o poder. Isto quando não se confunde totalmente com o poder político, como no caso da maioria das ditaduras.

A espiritualidade mostra ao ser humano como se tornar Uno com toda a Criação. Qualquer rótulo, é uma dissociação do Todo. Qualquer coisa que classifique um ser humano como sendo superior a qualquer outro ente do Universo, é uma ilusão.

Ao estudarmos a história de Rabbi Shimon Bar Yochai, como estudamos hoje, no Lag BaOmer, sabemos que ele foi um perseguido político. Obviamente, alguém que tinha tanta certeza sobre si e sobre o que realmente importa no Universo, incomoda.

Rabbi Akiva, seu mestre, foi um preso político, assassinado na cruz (principalmente por apoiar a um rebelde, Bar Kochba).

Avraham Abuláfia, foi perseguido e preso.

Jesus da Galiléia foi um perseguido político. Falou que ricos e pobres eram iguais. Na sua única demonstração de ira no Novo Testamento, Jesus se revolta com o comércio da espiritualidade. Incomodou aos ricos, incomodou ao poder. E, portanto, foi assassinado. Junto com os "bandidos".

Moshé Rabeinu foi um rebelde, foi perseguido. Se libertou do poder.

Nem sempre a rebeldia contra o poder se sai bem no curto-prazo. No longo-prazo, ás vezes.

Espiritualidade na política não é um estado que declara que segue a este ou a aquele deus. Espiritualidade na política é, ao ocuparmos um cargo com responsabilidade sobre a sociedade, nós fazermos o bem, nós nos tornarmos como Um, nós compartilharmos dinheiro, amor e, principalmente, garantirmos DIGNIDADE para todos os seres que fazem parte da nossa sociedade. Amar ao outro como a si próprio, significa EXATAMENTE ISSO: AMAR ao outro como si próprio.

(E isto pode ser realizado por alguém que crê em espiritualidade ou não. Veja bem: a espiritualidade, independe de qq tipo de crença no além-vida.)

Meu pedido para o Lag BaOmer que termina hoje, é que a consciência de nosso mestre Rabbi Shimon nos mostre os caminhos para que não existam mais "podres poderes".

A ferramenta que humildemente ofereço é o Shemá Israel, cujo valor guemátrico é 13, o valor de "echad" (uno) e de "ahavá" (amor). Ser como um é amor e é nos aproximarmos da Origem.

Ao meditarmos nas letras e nos significados literal, metafórico, guemátrico e cabalístico do Shemá, espero que alcancemos todos juntos, o mais rápido possível, uma nova consciência.

Shemá Israel Adonai Eloheinu Adonai Echad