Uma das formas mais interessantes de se atrair a misericórdia para o mundo é sentir a dor dos outros como se fosse nossa.
Compaixão, no sentido cabalista, não é sentir pena do outro e, sim, ser capaz de entrar na pele do outro e sentir a dor que ele sente. Isto, faz parte do mandamento de "amar ao próximo como a si mesmo".
Na Sintonia Semanal desta semana, o cabalista Yehuda Berg nos escreve:
"(...) Todos nós possuímos um sentimento inato natural de compaixão quando escutamos falar dos problemas dos outros. Mas existe uma grande distância entre esse sentimento de compaixão e realmente sentir a dor de outra pessoa como se fosse nossa.
Mesmo quando se trata de pequenas doenças como uma gripe, um resfriado ou uma dor de estômago – que todos nós já sentimos – não é fácil para nós despertar sentimento pela dor e o desconforto dos outros como se fossem nossos. E isso é muito mais verdadeiro quando alguém está passando por um desafio ainda maior, um desafio que nunca tenhamos enfrentado.
Vocês devem estar se perguntando por que precisamos desenvolver esse sentimento cada vez mais forte pela dor dos outros.
Um dos motivos é ‘alimentar a máquina’ que conduz nosso crescimento espiritual e nosso desejo de ajudar o mundo. Se nosso desejo pelo crescimento espiritual for limitado pela nossa própria necessidade de plenitude, então quando nos sentirmos felizes ou em uma posição espiritual relativamente boa, nossa motivação para o trabalho espiritual e para ajudar os outros diminuirá. Mas se continuarmos a aumentar o nosso desejo de sentir a dor do outro como nossa própria dor, podemos ter uma fonte inesgotável de determinação para aumentar sempre o nosso trabalho espiritual.
É claro que podemos estar confortáveis neste momento, mas e os milhões de pessoas que estão sofrendo ao nosso redor? Ligue sua televisão, leia as estatísticas sobre doenças, as taxas de suicídio, os números crescentes de desemprego. Nosso trabalho pode e deve ajudar incontáveis pessoas, e precisamos apreciar esse nosso poder, não importa onde estejamos na cadeia da vida. Quando nos transformamos, influenciamos o quantum de transformação.
(...)
Não posso reenfatizar o suficiente a importância desse ensinamento, e muitas pessoas podem achar que conhecem essa verdade espiritual. Mas todos nós temos que nos perguntar: “Será que eu realmente sinto a dor da outra pessoa?” Adquira o hábito de fazer esta pergunta cada vez que uma situação o confrontar – com seus amigos, familiares e com as pessoas com quem você interage no dia a dia.
Esta semana, encontre alguém cuja dor, cujo peso você possa assumir. Imagine o nosso mundo com um pouco menos de dor e multiplique isso por seis bilhões. Você pode aliviar esta carga."
Existe um ferramenta cabalista que ajuda a abrir nosso coração para a dor do mundo: o Patach Eliahu (Elias Abriu).
Patch Eliahu é uma parte do Tikkunei Zohar (70 comentários que Shimon Bar Yochai faz sobre a palavra Bereshit).
Baixe a ferramenta aqui: Patach Eliahu
Esse link é da página Daily Zohar.
O profeta Elias possui a chave para abertura de Binah, fazendo o fluxo de Chochmah chegar até as sefirot inferiores. Binah, no corpo humano, é o coração.
No texto do Patach Eliahu, temos a descrição do fluxo que vai do Infinito, das 10 Sefirot e de sua correspondência com o corpo humano, fazendo, assim, a ponte de letras hebraicas que abre o nosso coração para que flua a Luz do Infinito até Malchut.
Ao abrir nosso coração, tornamo-nos sensíveis às dores do mundo.
O modo de utilizar o Patach Eliahu é:
a) Visualizando o texto em aramaico (da direita para a esquerda) antes de acordar e antes de dormir; ou
b) Visualizando o texto em aramaico antes do Sol nascer; ou
c) Visualizando o texto em aramaico à meia-noite.
O ideal é que seja feito todos os dias para irmos quebrando as clipot (cascaas) que cobrem o coração paulatinamente.
Quem souber aramaico, deve recitar o texto também.
Quem não souber aramaico pode visualizar (escanear) o texto e depois ler a tradução do mesmo.
Kol Tov!
2 comentários:
Ótimo este texto do Yehuda!
Vocês devem estar se perguntando por que precisamos desenvolver esse sentimento cada vez mais forte pela dor dos outros.
Com outras palavras, eu diria que a busca deste sentimento (ou quem sabe desteb exercício?) está relacionado com a significação que queremos dar a nós mesmos. Encontrarmos a vida, mesmo que abrindo mão, temporariamente, da satisfação dos nossos desejos próprios. Até porque se nos preocuparmos apenas com a nossa própria vida, viveremos sem razão neste mundo, desconectados de uma Vida maior.
Assim, tenho meditado ultimamente que a plenitude do homem é alcançada junto com o Criador e com a vida de seu irmão:
"(...) e viverá teu irmão contigo." (Lv 25.36; Sêfer)
Abraços.
É isso aí, Rodrigão! Bjs
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