quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Pureza do Coração.

Conversando com um amigo Sufi, discutíamos sobre a importância de se estabelecer a pureza do coração.

Para os cabalistas, quase todo sofrimento pelo qual você passa nesta vida, é porque seu coração está com uma casca (clipá) que te impede de ver a Verdade (Emet) das coisas. Esses momentos de dor servem para você aprender a tirar essa casca e revelar o Grande Bem que ali está oculto.

O Rei David fez suas besteiras em seu tempo e, em determinado momento, chegou sua hora de tirar essas cascas e revelar centelhas divinas. Chegou a ocasião do tikun do Rei David e então, ele sofreu. Ele fez seu tikun tão bem que hoje temos um enorme legado deixado por ele para nos conectarmos ao Divino, incluindo o Livro dos Salmos (Tehilim), nossa maior arma para combatermos nossa sombra.

No salmo 51, o Rei Davi pede "Lev Tahor Berah Li Elohim" (Ó Eterno, cria em mim um coração puro), para que ele pudesse superar todo o sofrimento pelo qual passava e revelasse a Luz. Usamos esse salmo para isso: fazer o nosso tikun. Reze-o todo dia nessa intenção, de não desperdiçar as suas oportunidades de fazer tikun. Não as maldiga, aproveite-as, supere o sofrimento, faça a dor se transformar em Luz (se não for para você, que seja para aqueles que estão à sua volta).

Ouvi, sobre o Lev Tahor, a seguinte história que compartilho aqui:

Uma escola espiritual ia muito bem até que, um dia, seus membros começaram a tentar mostrar uns aos outros que o jeito pessoal de cada um deles era o jeito mais correto de se louvar a D-us.

Isso obviamente começou a causar desavenças e as pessoas que frequentavam a escola começaram a sair. A escola começou a ficar vazia.

Foi quando eles receberam a visita de um tzadik e perguntaram-lhe como fazer para que a escola voltasse a prosperar.

O sábio ficou lá uma semana e, antes de ir embora, lhes disse: "Eu não sei qual é o problema da escola de vocês. Só sei que um de vocês é o Mashiach."

Eles ficaram perplexos com tal afirmação e começaram a especular, cada um por si, sobre qual deles seria o tal Mashiach escondido. Assim sendo, começaram a pensar coisas do tipo: "Fulano poderia ser o Mashiach, pois veja como ele ora com fervor e paixão", ou "Siclano poderia ser o Mashiach, pois ele tem o coração mais puro de todos".

Desta maneira, eles começaram a se olhar apenas com Amor e, assim, tiraram a casca de seus corações que impedia que eles se conectassem pelos corações. Essa conexão é a que permite que entendamos que o outro está muito certo no caminho dele e que, nós não temos o direito de julgar se tal caminho é mais ou menos verdadeiro do que o nosso.

Assim, com essa aura de amor voltando a reinar ali, a Shechinah voltou a pairar sobre eles e as pessoas voltaram a frequentar a escola.

Lech LeShalom

2 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Olá! Gostei do tema que compartilhou. Tenho refletido que é nos conflitos que o homem muitas das vezes se conecta. E como as pessoas vivem ansiosas pela conexão, seja para estabelecerem ou manterem-se conectadas ao invés de viverem cada momento! Por outro lado, não há métodos absolutos. O amor é a resposta! E quando decidimos amar estamos praticando a Torá na sua essência. A missão do Mashiach consiste na preparação do homem para compreender e vivenciar o maior dos mitsvot - o amor. Ao acolher o nosso irmão, estamos recebendo o Mashiach!

Ariel Shem Tov disse...

Exato!